Esta performance sonora consiste na construção de uma teia formada por fitas adesivas, no centro do palco, apoiada por uma estrutura em forma de cubo fixa no chão, com uma grande tela de fundo onde serão projetadas imagens. Dois performers iniciam a composição da teia ao vivo emaranhando-a entre as estruturas enquanto enviam, via microfones afixados nos pulsos, os sons do desenrolar das fitas. A construção sonora é formada pelo som da fita amplificado e pelo processamento em tempo real desses sons da montagem da teia via Pure Data, obedecendo a um roteiro específico em que figuram desde sons sem tratamento até algumas texturas com grande densidade, redefinindo e impondo ambigüidades à relação referencial entre imagem e resultado sonoro. A partir de determinado momento, os sons adquirem caráter estático – congelam-se num efeito de freezing – numa referência à função de captura da teia e servem de base sutil para a fase final da performance, que consiste na superposição da silhueta da teia (em primeiro plano) sobre a tela, onde são projetadas imagens dela própria, colhidas anteriormente, num sutil e longo fade-in. Tal procedimento gera uma ilusão de movimentação na teia na medida em que a imagem vai gradativamente se revelando mas, no entanto, ela permanece estática à frente da tela. A performance é concluída com o final do fade-in, quando a imagem de fundo compõe se com a silhueta da teia à frente, completando a metáfora da captura, dessa vez de forma imagética. A concepção sonora aqui não vai em direção a uma improvisação com os sons complexos da fita, mas busca uma abstração da condição musical do som, se concentrando na construção de um emaranhado de elementos, na qual fita, som da fita e imagem projetada constituem uniformemente a teia.
Artistas: Alexandre Porres, Alexandre Fenerich, Andrei Thomaz, Francisco Serpa, Giuliano Obici, Lilian Campesato, Patrícia Francisco, Valério Fiel da Costa, Vitor Kisil.
Imagens: Mário Ladeira / FILE (1, 2 e 3) e Fernando Iazzetta (4).